O quanto o silêncio incomoda você? Como seres sociáveis, buscamos estar em constante relacionamento uns com os outros. Mesmo para quem não é tão sociável, sempre existe um pequeno círculo de amizades com quem se pode relacionar. Isso, somado à busca por resultados e respostas, cada vez mais instantâneas para nossos questionamentos, pode transformar o silêncio de alguém em algo torturante para nós.

Por estarmos em constante agitação em nosso dia a dia podemos nos acostumar ao barulho do mundo externo. Acabamos, por diversas vezes, trazendo esses barulhos para dentro de nós. Padrões de beleza a alcançar, sermos bem sucedidos/as, comprar mais coisas, ler mais livros, viajar mais, comer em tal e tal lugar. Precisamos ser proativos, criativos, sem parar, sem cansar.

Quando finalmente chegamos em casa e paramos… ufa! O silêncio, porém, começa a ser incômodo, então ligamos a TV ou ouvimos uma música. Nos acostumamos muito com o barulho que nos cerca. Pode se tornar difícil, até mesmo, orar e meditar na Palavra de Deus sem um “som ambiente”.

No entanto, há características no silêncio que precisam ser consideradas: Há beleza no silêncio! É nele que podemos ouvir os sons que somente ele pode trazer à tona. Aqueles sons que podemos ter medo de enfrentar: sons do passado, que precisam ser resolvidos; preocupações que podemos entregar aos pés da Cruz; boas lembranças que se tornaram saudades doloridas no peito; dúvidas sobre quem somos e se estamos onde gostaríamos de estar; nossas próprias emoções.

Ao usar o silêncio ao nosso redor, podemos enfrentar o medo que temos de organizar, com a ajuda do Espírito Santo, tudo aquilo que sufoca nossas mentes e corações. Estamos tão acostumados com coisas barulhentas, grandiosas e estrondosas que, acabamos nos esquecendo o quão fascinante é a simplicidade do silêncio. Isso porque, precisamos estar em silêncio para ouvirmos a voz de Deus.

Uma passagem que me vem à memória quando penso sobre isso, está em 1 Rs. 19. 1-13. Essa passagem fala sobre quando Elias fugiu para o deserto, por medo de ser morto pela rainha Jezabel. Ao ouvir que Jezabel o estava procurando para lhe matar, Elias fugiu e acabou se refugiando em uma caverna. Ele teve medo e isso lhe gerou muitos barulhos internos, o que o angustiaram muito. O que acontece em seguida é lindo!

“Eis que o Senhor estava passando. E um grande e forte vento fendia os montes e quebrava as rochas diante do Senhor. Mas o Senhor não estava no vento. Depois do vento, houve um terremoto. Mas o Senhor não estava no terremoto. Depois do terremoto, veio um fogo. Mas o Senhor não estava no fogo. E, depois do fogo, veio o som de um suave sussurro.” (1 Rs. 19.11-12)

Ao imaginar tal situação, penso que foi como se o Senhor estivesse “atravessando” os barulhos de ventos fortes, terremotos e medo de Elias, para que, enfim, com um suave sussurro dissesse “Eu estou aqui, continuo sendo Deus e não me ausentei.

Silencie o barulho dentro de você e me ouça!”. O silêncio tem muitos significados.

O silêncio é tão significativo que pode ser interpretado de diversas maneiras: uma resposta negativa, uma dúvida, um “não quero falar com você!”, uma cumplicidade, entre outras.

Há sempre um forma diferente de interpretar o silêncio de alguém. Tudo depende do quanto conhecemos a pessoa com quem estamos falando. Uma filha sabe bem interpretar o silêncio de uma mãe ou de um pai, independente da pergunta ou da ação que tenha acontecido.

O olhar dos pais aos filhos pode dizer muito mais do que uma simples frase. Ou, ainda, o silêncio de constrangimento de uma criança que foi pega fazendo algo que, sabia que não deveria, como cortar o cabelo do irmão.

Quando, porém, o silêncio vem da parte de Deus, como reconhecer o que significa? Quanto mais nos aproximamos de Deus e temos intimidade com a pessoa do Espírito Santo, mais conhecemos sobre quem Ele é e como são suas respostas. (Tem um texto muito legal aqui no blog falando sobre como ouvir a voz de Deus. Dê uma lida!)

É possível que, de todas as infinitas possibilidades de respostas que o Senhor possa nos oferecer a mais difícil de compreender é Seu silêncio. Isso porque gostamos de saber o que vai acontecer e como vai ser. Mas quando a pergunta fica “em aberto” nos apavoramos por não estarmos no controle da situação.

Ao ler o livro de Habacuque (leia você também, vale a pena!) é possível encontrar, logo nos primeiros versículos, o profeta questionando sobre a falta de resposta por parte de Deus. (Importante frisar que, ele não estava questionando a soberania de Deus ou, ainda, se o Senhor estava “a par” da situação.

Habacuque sabia e reconhecia quem o Senhor era, ele apenas estava tentando compreender o que precisava ser visto ou feito.) No capítulo 2 é possível ler “Estarei na minha torre de vigia, ficarei na fortaleza e vigiarei para ver o que Deus me dirá e que resposta eu terei à minha queixa.” (Hc. 2.1). Habacuque compreendeu que a resposta divina viria, mas que por hora era preciso esperar e confiar.

E como você tem lidado com o silêncio? Não fuja dele, use-o ao seu favor. Lembre-se que há beleza no silêncio e que, quando a resposta do Pai é o silêncio, espere e confie. Ele continua soberano e está ciente de todas as situações!